Solidão e Saúde - Uma Era de conectados sem convivência

Curioso momento o nosso. Estamos "em rede". Podemos acessar diversas partes do mundo, a um clique. Mídias sociais, em movimento. Ao mesmo tempo, uma dificuldade de coexistir. Interagir. Aproximar. A sociedade parece fora do seu ritmo. Os seres, mais seletos. E mais sozinhos. Estamos mais saudáveis? Será que mais felizes? "Ressaca Social", "Bateria Social", "Fadiga Social"... Desconforto relatado principalmente por jovens, vinculado ao cansaço mental e emocional a partir da convivência. Segundo pesquisas, essa é a mesma faixa etária, que declara em paradoxo, sentir-se a mais sozinha, apesar da hiper conexão. Vivemos um fenômeno: tão conectados e tão sós. Essa é a era da solidão, que se manifesta em todos os cantos do planeta. A solidão é considerada pela OMS uma epidemia global com risco de depressão e ansiedade. Impacta os idosos, e todas as faixas etárias. A geração Z (1997-2012), aparece como a mais afetada. Segundo a Forbes (2024), eles se sentem sozinhos 73% do tempo. Se a qualidade das relações está comprometida, a qualidade do bem viver, também está. Quais são as causas? As origens? Onde nos perdemos e onde podemos nos reencontrar? No artigo de hoje, faremos menção às probabilidades. À evolução e à involução da nossa comunicação nesses tempos.
As nossas relações sociais e pessoais, não são mais as mesmas.
Vivemos na era de mediações digitais e de realidades paralelas. E se torna inevitável citar a tecnologia. Como ela propôs a reconfiguração dos nossos vínculos. Até dos mais íntimos. É interessante observarmos como ela foi capaz de transformar a nossa comunicação. E como nos induziu à perder sensibilidade. Com quem estamos conectados de verdade?
Experiências mais profundas, são cada vez mais incomuns. Excesso de conteúdo e impaciência. Aceleração do tempo, conversas rasas, ansiedade e solidão. Não há "tempo a perder". Escassez na presença e na percepção sobre si e sobre o outro. Esse é campo um fértil para a disfunção dos 5 sentidos. É um grande desvio do sentido da vida.
Estamos tão "conectados". Progresso, ou retrocesso? Um vazio contemporâneo?
Pressões sociais. Estereótipos de vidas perfeitas. Determinação de padrões. Julgamentos. Intolerâncias em rede. "Ser autêntico" confronta o senso comum e o isolamento social convida, virando sintoma da identidade. Mas, a convivência em comunidade, é uma necessidade humana.
A nossa falta de conexão com outras vidas - na vida - gera adoecimento.
Assistimos hoje, influências disfuncionais de uma cultura, capaz de provocar danos emocionais e psíquicos. Epidemias silenciosas, sensações coletivas. Evolução da comunicação com abalos na qualidade de vida. Melhoramos as conveniências, mas não o senso de pertencimento.
Há aproximadamente 100 anos o rádio surgia no Brasil, como veiculo de comunicação e entretenimento. Ele influenciou a dinâmica das famílias, que passaram a reunir-se para ouvi-lo. Nesta época, ainda trocavamos olhares diretamente.
Há 75 anos atrás, chegava a TV no Brasil, que também modelou a estrutura cultural e influenciou a interação entre pessoas. Uma tela passou a dividir a atenção e a presença. Ouvidos e olhares numa única direção.
Há 50 anos atrás, o celular encurtou distâncias.
Mas, foi há 20 anos, com a evolução da internet (acessada na palma de cada mão), que deixamos de ouvir, e ver. Mais "enredados", menos "entrelaçados. " E a geração que sequer conheceu as etapas anteriores, se sente mais desamparada. Despreparada.
Precisamos de espaço para desconexão. Para encontros integralmente humanizados. Carregados de escuta, de fala, de presença e sentidos. Reunir, pela busca de uma convivência sem telas. Conectando olhos no olhos, falas e ouvidos, com tempo, vontade e permissão.
Desejo a você esse estado de comunhão viva. Desejo o encontro. O lugar ideal, onde relações sejam sentidas e sejam capazes de harmonia.
Somente pelo ajuste de nossas convivências sem conveniências, encontraremos o fluxo. Porque preciosos são os vínculos humanos, com todos os seus aprendizados.
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Até a próxima.