A liberdade pode ser autêntica

No mês que celebra o trabalho e às mães, a reflexão da semana diz respeito às mulheres. A todas elas. Qual foi o sonho não realizado das mulheres da sua família, que antecederam a sua geração? Ter um emprego? Fazer uma faculdade? Dirigir ou viajar? Serem ouvidas? Mulheres, de todas as idades e classes sociais, historicamente experimentaram algum nível de repressão. As convenções sociais, as desqualificavam pela perspectiva de gênero, cerceando sua liberdade. E os seus direitos, que são, humanos. No artigo de hoje, revisitaremos um passado recente, para enchermos nossos corações de esperança. Ainda existe muita luta. Mas também, transformação. Existem caminhos para uma equidade universal. Só precisamos acreditar. E continuar. Boa leitura.
Você acredita que a realização pessoal de uma mulher hoje, é plenamente possível? Você observa justiça nos ambientes que frequenta? Na atitude das pessoas? Considera coerente? Enxerga uma realidade que harmoniza? Que oferta condições igualitárias, com respeito e oportunidades?
E o que acharia nossas ancestrais?
Quantas bisavós, avós e até muitas de nossas mães, carregam nas próprias histórias, experiências silenciadas, destinos condicionados, sonhos não realizados, desejos reprimidos.
Mulheres eram submetidas. Impedidas de trabalhar e estudar. Eram limitadas no seu viver.
Nesta semana, participando de um encontro intergeracional, conheci Dona Fátima. Lúcida e vigorosa, sua memória não hesitou ao contar, que em sua época, "uma mulher direita, devia ser prendada." Com 86 anos, ela saúda memórias bonitas, mas outras tantas, coibitivas. Experimentou e presenciou o que a geração Z apenas ouve dizer.
Homens eram socialmente autorizados a castigos físicos em suas esposas. Uma mulher não tinha o direito de ir e vir, somente com a autorização assinada de um homem (pai ou marido). E não estamos tratando da pré-história, mas de uma realidade bem contemporânea, aqui no Brasil.
- Meninas somente receberam permissão legal para frequentar escolas básicas, em 1827.
- Em 1879 elas foram autorizadas a frequentar a faculdade (se autorizadas pelos maridos).
- Em 1916 a mulher dependia de autorização do marido para viajar. Era considerada incapaz.
- Somente em 1932, a mulher conquistou o direito ao voto.
- Em 1943, com a CLT, surgiram proteções empregatícias e a licença maternidade
- Em 1962 o "Estatuto da mulher casada" deixou de considerar a mulher como civilmente incapaz. Poderiam enfim, trabalhar sem a assinatura do marido.
- Em 1977 a mulher passa a ter direito ao divorcio. Até então, o casamento era indissolúvel.
A instituição de leis de proteção e direitos das mulheres, são tardias. Aconteceram a partir de pressões, movimentos sociais, ou fatalidades. E o código civil brasileiro de 1916, sofreu alterações apenas em 2002. Na versão anterior, não existiam previsões igualitárias, nem regulação que as protegessem. As leis - patriarcais - previam claramente a submissão feminina.
As mulheres que nos antecederam, resistiram, para que pudéssemos experimentar uma fatia da liberdade. Atualmente, vivenciamos uma realidade que muitas delas não presenciaram. E hoje, ainda existem resquícios estruturais, estamos aqui.
E não. O nosso mundo não é o ideal. Perseverar na intenção do encontro justo, do respeito e do equilíbrio entre todos, continua sendo tão essencial como antes. Os desafios são outros. As condições "mudaram". As mulheres mudaram. Alguns homens também. Estamos no trajeto.
Mas, a profunda (re) evolução inicia dentro de cada um. Da nossa forma de compreender essa trajetória, de reconhecer esse passado e não se conformar com o presente. De caminhar numa intenção incansável de romper esses traços e as sombras, crenças e valores, inconcebíveis.
Revisar leis. Aplicar leis imparcialmente. Questionar esse senso comum. Respeitar todas as mulheres. Tratar dignamente, todas as pessoas.
Tanto no ambiente de trabalho, como no universo digital. Dentro dos lares, no trânsito. Em todos os setores sociais. Por todo lugar. Não se trata de questões de gênero. Mas questões de humanidade.
De uma liberdade autêntica (e íntegra), que todos merecemos viver. Comemorar o trabalho e a maternidade, também corresponde a realizar essa transcendência, tão essencial.
Conheca o G100 Mission Million, Organização sem fins lucrativos pelas causas de equidade.
Fonte: Portal da Câmara dos Deputados, Portal do Planalto