Ecopsicologia pela boa saúde

27/10/2025

Adoecimento humano conciliado à enfermidade do planeta. Ele sinaliza que não comporta nossa forma de viver. "Evoluímos" às custas da produção indiscriminada de lixo e desmedido consumo, numa conduta exploratória, onde a natureza parece não importar. O mundo natural foi definido como recurso. Discurso que concede a "permissão para destruir". Que desconsidera haver presença de vida para além do que é humano. Nas florestas e mares. No céu que nos abriga. Poluição, devastação. Desrespeito à capacidade de carga do planeta. E como isso impacta nossa saúde? Temos um grande desafio: revisar crenças e hábitos. Permitir uma mudança de olhar. E sentir. Acreditar que não existe vínculo entre humanidade, saúde e as expressões da natureza, é ignorar a realidade e o próprio bem-estar. No artigo de hoje, a intenção é refletir pela perspectiva ecopsicológica. Entrelaçando nossa subjetividade à todas as expressões de vida e natureza. Tudo, ou nada, pode mudar. A depender o que tocar nosso coração. Esse, que sempre conecta "todas as coisas". Boa leitura.

Adoecer, remediar. 

Essa conduta naturalizada, afugenta muitas soluções e nos retira a responsabilidade de tratar as causas. De cuidar da saúde. Recentemente, li uma postagem que analisava a ampliação de redes de drogarias, em todo o Brasil. E me chamou atenção o comentário, que justificava essa expansão: a busca de cuidados de uma população mais preocupada com a saúde. Será?

Peço licença para compartilhar outra perspectiva: de uma sociedade exausta, com adoecimento crônico, entorpecida, desvinculada à prevenção e à sua condição natural: que é de um estado de saúde equilibrado e independente, e não condicionado ao uso de medicamentos. Eles são essenciais para assegurar a recuperação em determinados quadros de doença. Mas estão sendo adotados como solução exclusiva e imediata, na busca de cura e prevenção.

A crise na saúde é planetária.

Percebemos no estilo de vida, nas respostas do clima, no desequilíbrio ecológico, na extinção de espécies, em terras áridas e escassez hídrica. Na ampliação de doenças crônicas e mentais. Na dependência química de medicamentos. No modo com as pessoas se relacionam. Em nossa desconexão com o que é natural. Na falta de habilidade para compreender o próprio corpo, escutá-lo, senti-lo, protegê-lo.

Há uma inteligência que organiza e equilibra todos os sistemas da natureza. E ser humano, é fazer parte desta perspectiva. Apesar da nossa cultura pautar nosso modo de vida no sistema de produção e consumo, a saúde em sua boa condição, se sustenta no contato direto com o que é vivo e natural, não com o que é artificial, embalado, industrializado e encapsulado.

Muitas dimensões atravessam a saúde.  E reconhecer a conexão humano - natureza é uma delas. 

A ocasião nos convoca à revisão de condutas. Com o planeta, com as pessoas e com a nossa própria saúde. Tratar com mais generosidade a vida, cuidar mais e remediar menos. Ressignificar, restaurar, repensar, reagir. Dominar menos, colaborar mais. Transformar paradigmas. 

Dar espaço à sensibilidade, ter mais encontros com a natureza, como sugere a Ecopsicologia.

A Ecopsicologia é um campo de estudo que considera a integração da psicologia e da ecologia. É uma abordagem transdisciplinar que demonstra a nossa profunda relação de interdependência com o mundo natural.

A Ecopsicologia contribui na expansão do conceito integrativo de saúde. Incentiva conciliar nosso estilo de vida à natureza, respeitando e protegendo todas as formas de vida. Busca ampliar o bem-estar individual e coletivo. Pela sustentabilidade das pessoas. Do planeta.

Reconecte. Permita-se. Pela saúde mental e completa. Aproxime sua natureza interior às demais expressões da vida.