Agosto Lilás - Pelo basta ao abuso

31/07/2025

O que, de fato, é feito por elas? Mulheres de todas as etnias e classes sofrem algum tipo de abuso. Muitas vivem cenários complexos, por vezes, sigilosos. Opressão. E quando revelam seus dramas, são por vezes, questionadas. Subjugadas. Porque simples é opinar da cadeira que não experimenta aquela mesma história. Aquela dor, em todos os seus detalhes. As campanhas, sugerem sempre a porta de saída. A denúncia. Mas quem as protege, de verdade? O que acontece, depois dissoNossa sociedade está preparada para desmobilizar a violência? Enfrentar o desafio? Agressores permanecem livres. Enquanto as prisões delas, são intangíveis: São emocionais, sistêmicas, ancestrais. E elas, se limitam numa complexa e perpétua convivência com a perversidade. Menos alegria, saúde enfraquecida, menor perspectiva, sem liberdade. Como encontrar caminhos de cura? O agosto é lilás, pelo direito à vida, à proteção e bem-estar de todas. Para desencorajar todos os tipos de violência contra as mulheres. Para que surjam espaços verdadeiramente acolhedores. Para não mais silenciá-las. Por segurança e justiça. Para que possam finalmente, viver. Em paz.

A alma da mulher também sangra. Mas a violência sem marcas, ainda é dirimida.

Diluir os sinais de violência, é uma estratégia que faz uma vítima, compadecer por anos. Nossa cultura atenua a gravidade do abuso, quando ele é emocional, moral, patrimonial ou sexual. Quando é negligente, ou discriminatório. Quando é institucional. 

Mas esses níveis de cólera também provocam dor nas mulheres em relações abusivas. Muitas vezes, em nome da instituição família. Ou para proteger os filhos. Pela vergonha de reconhecer o drama. Por também neutralizar a dor. 

Pela ilusão de transformar o outro. Por estratégia de sobrevivência.

Adicionalmente, existe uma dissimulação social que transfere a culpa para a vítima. E elas se tornam reféns não apenas dos agressores, mas também do julgamento social (que inclui outras mulheres). Elas têm medo. Vergonha. Sentem culpa. Não encontram alicerce para tomar uma decisão de rompimento. Porque há uma grande disfunção no sistema, que não as protege. 

O feminicídio, é o último capítulo daquelas que já morreram em vida, e que estão submetidas ao ego, à vingança, ao desejo de controle e raiva do agressor. Tantas são as mulheres que ocupam esse indicador invisível. Mas que aparece nos consultórios, E é causa de adoecimento psicossomático. Psicológico.

A violência contra as mulheres acontece todos os dias, em diferentes graus e contextos. Fazemos parte de uma complexa dinâmica cultural. que traduz a violência, o ciúme e o domínio, como  provas de amor. Mas nenhum amor anula, nem causa destruição.

Todas as mulheres merecem seu espaço, sua identidade, respeito. Dignidade humana.

Homens que controlam mulheres, suas roupas, celulares, seus trajetos, que são explosivos, intimidam com ciúme, e ameaçam, são agressores. Homens que quebram objetos e prometem suicídio se a mulher desfizer a relação, também são agressores. Homens que as obriga ao exercício sexual, que usurpam e causam danos ao patrimônio familiar, que usam filhos como meio e manipulam as relações, são agressores. 

Mas não para o senso comum. E as mulheres, silenciam. Por que existe uma omissão estrutural. Coletiva. Que normaliza o inadmissível.

O que podemos então fazer por essas mulheres, em nossos espaços de vida?

Encorajar: Escuta ativa. Motivar o autocuidado. A compartilhar processos, buscar apoio profissional.

Acolher: Construir espaços de fala, Apoiar a reconstrução dos caminhos, tão singulares;

Legalizar: Participar da construção de políticas públicas pela proteção e justiça às mulheres;

Questionar: Desmobilizar o machismo e o patriarcado, para cessar a violência na vida real;

Educar: Favorecer o letramento moral e humano pela expansão da consciência social;

Empoderar: Reconhecer as mulheres, todas elas. Respeitar suas histórias de vida e sua dor.

Agir: Principalmente se é diretamente vinculado à uma profissão de impacto, fazendo sua parte.

Incentivar que se apropriem do autoconhecimento, resgatando a relação com a pura existência, reconhecendo o próprio valor, pela transmutação da dor. Pela retomada de confiança na vida.

Existem caminhos de cura. É possível calibrar uma coragem prudente. Construir uma nova história. E não participar da estatística de homicídios. É indiscutível que a grande transição acontecerá quando os agressores cessarem. Buscarem ajuda para os próprios traumas e dores. Quando a conivência de figuras de autoridade, também cessar. 

Enquanto houver opressão, irresponsabilidade ética, e violência institucional, haverá luta.

Cabe a cada um de nós vigiar. Desencorajar desigualdades, injustiças. Realizar pela vida. Contrariar toda forma de violência. Por elas, e por cada um de nós. 

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